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Confira as obras e artistas de 2025


Quinta-feira, 16 de outubro


20h


O Alarido dos Pardais - Um Documentário Cênico Sonoro (2022), de Roberto D'Ugo Junior, Marcelo Soler e Lucas Aguiar

Duração: 21’33”


Com uma estrutura narrativa diferenciada, é recontada a história do “assassinato” de uma grande árvore seringueira localizada no bairro Cidade Patriarca, na Zona Leste de São Paulo, e dos pardais que nela viviam. Protagonizada por uma praça, uma padaria, uma seringueira e um grupo de pardais, a história é apresentada com um tom catalogador e expositivo. Ao mesmo tempo, estabelece conexões a partir dos relatos documentais coletados nas proximidades do local onde aconteceu o fato, com destaque para o relato poético de Danilo Monteiro, que vivenciou todo o processo. A concepção, produção e direção é de Marcelo Soler e Companhia Teatro Documentário, com roteiro de Lucas Aguiar e Marcelo Soler, a partir da dramaturgia de Soler. Roberto D'Ugo Jr. assina a direção de som, edição e montagem, além de dividir os créditos da música original com Gustavo Giometti D’Ugo. O elenco conta com Catarina Kobayashi e Lucas Aguiar, locução de Bruno Zegaib, relato poético final (texto e narração) de Danilo Monteiro, captação de voz e produção de áudio de Nolly. A peça foi criada para o projeto Ficções do Itaú Cultural. Roberto D'Ugo Junior é artista e pesquisador brasileiro especializado em radioarte, cuja obra explora a relação entre magia, técnica e arte por meio de uma escuta poético-documental, com influências do surrealismo e do minimalismo musical. Doutor em Artes Visuais, foi coordenador da Rádio Cultura FM de São Paulo e professor de rádio e meios sonoros na Faculdade Cásper Líbero. Marcelo Soler é doutor em Artes Cênicas pela USP, diretor teatral, dramaturgo, pesquisador em pedagogia do teatro e integrante da Cia Teatro Documentário, atuando na interface entre linguagens cênica, plástica e audiovisual. Lucas Aguiar Pacheco é roteirista e editor de vídeo, graduado em Rádio, TV e Internet pela Faculdade Cásper Líbero (2022).




Elegia (2025), de Eric Barbosa

Duração: 10’26”


Peça sonora fruto de imersão em síntese sonora (de)generativa acoplada com ambientações sonoras captadas em área de alto fluxo de consumo de crack na cidade Fortaleza, Ceará. Uma sensação de melancolia, zona silente ou complacente, especialmente composta como uma espécie de “peça sonora para funeral ou lamentos de morte” (ou mortes que se anunciam - entrecortadas por fagulhas de isqueiros, badaladas de sinos em paróquias centradas no centro da cidade. O fluxo de transeuntes junto ao fluxo de sirenes, semáforos em estado de excitação, fogos de artifício, sirenes, movimentos ofensivos-pentecostais em processos de invasão em catequese; assim como a síntese sonora algorítmica se desintegra - o corpo humano-pólvora-fumaça se dissipa nesse habitat sonoro, físico, acústico e espacial das nossas invisibilidades. Eric Barbosa é compositor, produtor, educador e artista multidisciplinar com atuação em música, performance, dança, teatro, arte sonora, audiovisual e artes visuais. Possui formação em Pedagogia, Eletrônica Industrial e Música, e se destaca por seu trabalho educativo e artístico em contextos de vulnerabilidade social. Atualmente desenvolve projetos na Abrigo Plataforma, como Ode ao Mar Atlântico (instalação sonora e audiovisual expandido). Com 20 álbuns digitais lançados, compõe trilhas sonoras originais para dança, performance, artes cênicas e instalações, além de atuar como sound designer e criador de instalações sonoras.




oquesoaressoa (2024), de Dora Naspolini

Duração: 08’41”


Esta faixa consiste em uma negociação de escutas. São compilados simultaneamente diversos relatos de caminhadas sonoras, sons e instrumentos, escritos e gravados em áudio com a própria voz da artista. A reunião de todas essas caminhadas e escutas forma uma única massa sonora, ruidosa e difícil de decifrar, através de uma grande colagem. Reflete a ambivalência, subjetividade e o mistério entre o que soa, reverbera, ressoa, e se escuta. Entre o corpo que caminha, o corpo que escuta e produz escuta, e a escuta que também por si performa. A poesia sonora e o texto entram como uma  tradução dessas escutas e sons encontrados e perdidos pelo caminho, através do caminhar. Dora é formada em Artes Visuais (UDESC, 2019) e em Produção Fonográfica (Centro Universitário Belas Artes, 2023). Suas investigações multidisciplinares adentram os universos da performance, escrita, som, música, audiovisual e escultura. Participou das residências artísticas “DECONSTRUKT” (Nova York, 2019) e Terra Afefé (Bahia, 2021). Atualmente reside em São Paulo, onde é mestranda na USP e faz parte do grupo de estudos e pesquisa em Sonologia (NUSOM). Está produzindo seu primeiro álbum solo de estúdio, acompanhado de um Livro de Artista. Mais recentemente, interessa-se em explorar a vulnerabilidade, memória e o movimento das subjetividades através da escrita, da pesquisa do som e da escuta e performance, percorrendo as linhas de interseções entre a música, a arte sonora e as artes visuais. O presente projeto de pesquisa investiga a performance da escuta (e seus agenciamentos) presente na prática da caminhada sonora no contexto brasileiro, como ferramenta de pesquisa, articulação e construção de poética e prática artística.




Ecos del eternauta (2025), de Andrea Cohen

Duração: 06’52”


Tendo sons de bandoneon como material básico em sua composição, esta peça eletroacústica é uma evocação sonora de O Eternauta (1957), história em quadrinhos argentina de ficção científica escrita por Hector Oesterheld e desenhada por Francisco Solano López. Andrea Cohen busca a atmosfera e o clima opressivo da história e alguns dos momentos significativos que ressoaram na artista depois da leitura. Nessa distopia, é narrada uma invasão alienígena que começa com a queda de uma neve fluorescente extraterrestre mortal sobre Buenos Aires, dizimando a população. Os sobreviventes se organizam com trajes e respiradores para sobreviver e vagam pela cidade fantasma. Rádios e músicas podem ser ouvidos à distância, seguidos por um encontro com os invasores, que assumem a forma de monstros aterrorizantes em uma luta pela sobrevivência. Na história em quadrinhos, não há saída: a história é cíclica e o pesadelo recomeçará. Musicista franco-argentina, Andrea Cohen segue uma abordagem artística multidisciplinar, na qual música, teatro e rádio mantêm uma relação constante. Concluiu seus estudos de piano na École Normale Supérieure de Musique de Paris, teve aulas de composição com Michel Philippot e defendeu a tese de doutorado "Les compositeurs et l'art radiophonique" na Université Paris IV-Sorbonne (Ed. INA-L'Harmattan, 2015). A artista compôs música para palco, vídeo e rádio, além de peças eletroacústicas e mistas (instrumento e meio eletroacústico) e uma ópera interpretada por crianças. Há mais de trinta anos, compõe regularmente peças de arte radiofônica e artigos criativos para a France Culture (Radio France).





21h


Rádio SintonizaAí (2024), de Lis Coelho, Sabryna Ramalho, Stephany Luana e Samira Arima

Duração: 14’22”


Programação ficcional de caráter audiodrama usando elementos radiofônicos. Seu foco principal são as complicações que ocorrem durante a entrevista apresentada por Renata Freitas com a virologista Dra. Marina Nonato, convidada para esclarecer sobre uma nova pandemia chamada “Otites Viral”, que afeta os ouvidos. Ademais, a rádio também aborda noticiário, publicidade, ligação com os ouvintes, música e entre outros, enquanto a obra critica a banalização das crises de saúde pública, sensacionalismo e desinformação. LIS COELHO: direção, roteiro, produção, foley e voz de Renata Freitas; SABRYNA RAMALHO: direção, roteiro, produção, edição e voz de Marina Nonato; STEPHANY LUANA: roteiro e voz dos créditos finais; SAMIRA ARIMA: foley e voz da ouvinte Rayssa Pereira. Entre outros trabalhos que realizaram juntas, estão Garota Retalho, proposta de web série que ganhou menção honrosa na competição de pitching da disciplina de Roteiro para Tv e Novas Mídias da UEG; e O que a roda me contou, documentário selecionado pela MAU.




Estudo sobre Sonhos e o Cotidiano - Ar (2023), de Kleiton Robert

Duração: 10’07”


A peça investiga a intersecção entre o inconsciente e o consciente no cotidiano, explorando como os sonhos – despertos ou não – revelam aspectos subjetivos e profundos da mente em contraste com a dureza e repetição da vida diária. A obra propõe uma reflexão sobre como o território molda nossos sonhos e afetos, tendo como base as altas serras do Planalto da Borborema, especialmente Garanhuns-PE. Através da metáfora do ar – elemento que liga o acima e o abaixo, o devaneio e o despertar –, o autor explora a capacidade dos sonhos de romper a linearidade do tempo, provocar afetações e gerar potências criativas e revolucionárias no cotidiano. A peça busca momentos de leveza, emoção e conexão, tensionando o real através do sensível, do sutil e do imaginado. Kleiton Robert é multi-instrumentista, compositor e produtor musical que, desde 2017, pesquisa a interseção entre a música experimental psicodélica e a cultura popular pernambucana. Atua desde 2010 como guitarrista, arranjador, músico de estúdio e técnico de mixagem. É produtor e guitarrista das bandas Tamarinera Azul e Vanguarda Popular Revolucionária de Candeias (VPRC), com destaque para projetos como Cacto Bailando Colorido (2022), Saulo’s Bar (2023) e diversas live sessions. Em 2020, produziu o projeto audiovisual Vistas e, em 2023, integrou a exposição Terraguar com a paisagem sonora “Estudo: Sobre Sonhos e o Cotidiano”, no Festival de Inverno de Garanhuns. Entre 2023 e 2024, foi mediador educativo no SESC Garanhuns e atualmente administra o Casinha Lab, estúdio independente voltado à experimentação em música, audiovisual, artes visuais e teatro. Kleiton investiga formas de criação que unem tradição e contemporaneidade, mesclando sonoridades analógicas com recursos digitais para criar atmosferas densas e imersivas.




Conundrum (2025), de Sascia Pellegrini

Duração: 03’42”


Peça para voz natural e eletrônica ao vivo.




Corpos Minerais (2021), de Rodrigo Ramos

Duração: 15’00”


Peça composta para a performance audiovisual homônima do duo Strangloscope. A composição investiga os ritmos e texturas da materialidade sonora da flora, fauna, águas e minerais que compõem a paisagem sonora da Chapada da Diamantina, no estado da Bahia, Brasil. Rodrigo Ramos é artista multidisciplinar cuja pesquisa se concentra nas relações entre escuta, sonoridades, arte, tecnologia e meio ambiente. Formado em Cinema pela UFSC, é mestre em Artes Visuais pela UFBA e doutorando em Sonoridades na UFF. Atua como artista sonoro e sound designer em projetos de teatro, dança e cinema. É criador do Espelho Sonoro, escultura inspirada nos localizadores acústicos da Primeira Guerra Mundial, já exibida em instituições como MIS, Oi Futuro, Farol Santander e Caixa Cultural Brasília. Integra o grupo de pesquisa SOMA (PPGAC-UFF).




i * (racional+repetible)^pi__segmento_2pi (2025), de Caalma

Duração: 06’28”


Composição algorítmica gerada com expressões bytebeat e estruturada por agrupamentos e distâncias entre as casas decimais do número pi. Caalma é Carlos Alberto Maserati, residente de Junín, Buenos Aires, Argentina. Designer gráfico e programador, atualmente explora a geração de áudio usando algoritmos e outras técnicas digitais.




ou os dias bem-antes da criação (2021), de Felipe Neiva dos Santos

Duração: 01’28”


Poema que se dobra no antes do antes, tempo sem passo — e se o bem-antes fosse (como saber?) qual uma feira em surgência, megafone a pino, ainda em contratempo? O poeta está realizando doutorado em Literatura e Cultura pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).




22h


T.O.S (2025), de Christian Morales aka Koyak

Duração: 03’53”


Improvisação vocal.




Vórtices Errantes (2a ed, Edf. Texas) (2024), de Ana Gábri

Duração: 24’21”


Vórtices Errantes (2a ed, Edf. Texas) é uma captação sonora feita por Anderson Moura no Edf. Texas, no dia 20/abril de 2024, da performance do texto VÓRTICES ERRANTES, da autoria de Ana Gábri. O texto, que se desdobra na performance homônima, é uma celebração do erro a partir da criação de um presente elaborado pela linguagem em errância. É um jogo metalinguístico com a realidadeficção. Nesta 2a ed. Ana Gábri – que ensaia a oralização da palavra, a leitura do texto em diferentes retornos, com ênfases, dicções e ritmos em busca de movimento e remontagens de imagens – performa junto a Fernando Remígio – que compõe uma sonoplastia entre ruídos, ecos e dissonâncias, pela oralização da palavra, pela invenção de palavras-sons e por um violão sem todas as cordas. Ana Gábri pesquisa o erro como método de criação na contemporaneidade (PPGLitCult-UFBA). A 2a ed. foi uma realização Edições Marafas e Titivillus Editora.




23h


A vida é sonho (Waly Salomão remix) (2025), de Reuben da Rocha

Duração: 01’21”


Peça sonora desenhada a partir de uma fala do poeta Waly Salomão (“a vida é sonho”), retirada de um vídeo no YouTube, somada a um riff vocal construído com samples da voz de Reuben da Rocha e uma batida de coração. A frase ecoa os famosos versos do espanhol Pedro Calderón de la Barca (“la vida es sueño y los sueños, sueños son”), enquanto responde ao também famoso vaticínio de John Lennon (“the dream is over”). Reuben da Rocha é artista anti-disciplinar, poeta, compositor e improvisador nascido em São Luís do Maranhão. Publicou oito livros e quatro álbuns solo, e coordenou diversos trabalhos cênicos coletivos de natureza multimídia. Participou de festivais de música, residências artísticas e antologias literárias na Alemanha, Bélgica, França, Itália, Inglaterra e Peru. É membro dos ensembles de música experimental Bloika e Echomania. Seu trabalho solo pode ser encontrado em plataformas digitais sob o vulgo Reuben the Organizer. É mestre em Ciências da Comunicação pela ECA-USP.




Continente Blanco (2025), de Frontera Glaciar

Duração: 03’13”


Formada a partir de fragmentos do cotidiano, esta peça sonora reflete um desejo de desacelerar, alcançar a calma, sonhar e encontrar a felicidade como o gelo marinho da Antártida e as geleiras suspensas no extremo sul do mundo. É composta de amostras diversas de sons que vêm sendo coletados pelo autor: em seu espaço de trabalho, nas janelas ouvindo as cidades onde morou nos últimos meses, diante do melancólico Estreito de Magalhães, na cozinha secando colheres, canudos de mate e facas de manteiga. Frontera Glaciar é artista sonoro, performer, músico experimental e DJ de Punta Arenas, cidade na Patagônia chilena. Seu trabalho combina paisagens sonoras da Patagônia com vozes diversas, explorando a criação de séries sonoras (arte radiofônica), produção musical, experimentação sonora, DJing e performances ao vivo. Destacam-se os espetáculos Fantasma Azul Imaginario (2023) e Fantasma Antártico Gris (2025), inspirados na ciência de Magalhães vinculada a animais, espaços marinhos e vida cotidiana patagônica. Em 2024, lançou o EP Patio Nevado, de música ambiente e experimental. Suas performances utilizam voz, sintetizadores, controladores midi, objetos coletados e máquinas, criando uma linguagem sonora própria e lúdica.




Theta (2024), de daria baiocchi

Duração: 07’14”


Esta obra sonora baseia-se no contexto da vida e na sua ligação com a neguentropia. Formas de vida, desde os mais simples organismos unicelulares até ecossistemas complexos, surgem para desafiar a tendência, mantendo e aumentando a ordem dentro de si, organizando, estruturando e mantendo os processos do sistema num estado de baixa desordem-entropia. Theta cresce como um som que cuida de si próprio, absorve energia e a transforma, muda de forma, caminha em direção à entropia, mas retorna à sua centralidade como elemento fundador da sua vida acústica. O caminho que percorre pode ser direto ou indireto, mas aquilo que o caracteriza é o regresso à vida. No silêncio, sobressaem sons direcionais definidos, que se sobrepõem, deslizam, perseguem-se e se expandem em diferentes registros, criando arquiteturas formais tensivas e desenhando paisagens imaginárias em claro-escuro (chiaroscuro), nas quais os elementos pontilhistas e as faixas sonoras definem arcos de claustros celestes ou infernais, cercados por treliças ora lisas, ora historiadas. O parâmetro do tempo torna-se um pergaminho no qual se esculpe uma espacialização que ilumina e põe em cena eventos sonoros caracterizados por uma autonomia virtual própria, eventos sonoros que sussurram, que nos atravessam, que nos deixam. Formada em Literatura Clássica pela Universidade de Bolonha (Itália), Daria tem mestrado em piano, composição clássica e música eletrônica. Suas composições vêm sendo tocadas em teatros e salas de concerto em todo o mundo e transmitidas por diversas emissoras de rádio (Rádio Nacional da Holanda, França, Portugal, Alemanha, Reino Unido, EUA, etc.). Como compositora e compositora para eletrônica, conquistou prêmios nacionais e internacionais. É professora titular de Harmonia e Análise Musical no Conservatorio Statale di Musica "G.B. Pergolesi", da cidade italiana de Fermo.




Litha de Giovanna (2022), de Malu Hatoum, Ebe Giovaninni, Luis López e Javiera Robledo

Duração: 29’49”


Obra sonora resultado de uma residência artística compartilhada entre o Coletivo Refluxus e a comunidade de Piansuola, do município de Mongiardino (Ligure, Itália), em junho de 2022. O elemento escolhido para a criação sonora foi a água, com todas as suas variações do sagrado feminino ancestral. Resgatamos a forma feminina da celebração, chamando-a provocativamente de Santa Joana (Giovanna). Litha marca o primeiro dia do verão e cai entre Erelitha e Afterlitha no antigo calendário germânico e é um dos oito sábados neopagãos. Litha de Giovanna é uma elegia ao elemento feminino da água, presente em tantos rituais de passagem e chegada do verão/inverno. Para a composição, foram gravados a paisagem sonora da região de Mongiardino, tambores de água construídos pelas autoras com a comunidade, vozes, gong, clarinete. Refluxus é um coletivo internacional e intergeracional de mulheres artistas sonoras, fundado em 2019 por alunes do Mestrado em Arte Sonora da Universidade de Barcelona. Atualmente composto por Anat Moss (Israel/Espanha), Ebe Giovannini (Itália) e Malu Hatoum (Brasil), o grupo atua em exposições e festivais de arte sonora e eletrônica ao redor do mundo. Sua prática artística é impulsionada pelo som e pela escuta como formas de resistência, buscando experiências pacíficas e igualitárias. Com formações diversas, o coletivo desenvolve trabalhos transdisciplinares que exploram a agência sonora em múltiplos suportes e contextos. Sites: https://colectivorefluxus.wordpress.com e https://soundcloud.com/refluxus-colectivo.




Ensaio para uma poética da máquina (2025), de Arthur Xavier

Duração: 04’28”


A peça nasce de um poema escrito pelo autor em uma rota de ônibus no começo de 2025, em meio a uma difícil relação com um ruído grave, constante e duradouro de maquinário industrial próximo à sua casa. Diversas inquietações poéticas surgiram a partir desse encontro que lhe transportou para a infância vivida em uma fábrica de tecidos em Contagem, Minas Gerais. Como a máquina atravessa e produz subjetividades? Como o mundo e suas estruturas produzem e reproduzem uma subjetividade maquínica? A máquina também sente? A máquina sonha? A peça explora a interação entre instrumento musical e gravações de máquinas industriais, urbanas e virtuais. Arthur Xavier é bacharel em Ciência da Computação e atualmente é estudante de Composição na Universidade Federal de Minas Gerais, dedicando-se às artes sonoras, à música experimental e às artes digitais.




Sombra (2024), de Juliana R.

Duração: 06’54”


Utilizando um microfone intra-auricular binaural, a autora posiciona-se no centro de quatro alto-falantes dispostos em uma configuração cruzada, praticando uma sombra, exercício clássico do boxe em que se golpeia o ar imaginando um oponente. As frequências sonoras projetadas por esses alto-falantes são captadas pelo microfone enquanto ela executa os movimentos, gerando oscilações sutis que evocam um estado de presença e concentração. Esse efeito reforça o caráter meditativo do som, vinculando-se à disciplina e ao controle mental inerentes à prática do boxe. A peça sonora cria um espaço entre dois mundos: o que os ouvintes percebem e o que se desenrola na imaginação da artista durante a execução dos movimentos. Nesse espaço, emerge um elemento fantasmagórico — um adversário imaginário que contra-ataca, impulsionando uma coreografia que estrutura uma narrativa sonora através do uso do repertório de gestos e estratégias do boxe. Juliana R. é artista sonora e musicista cuja pesquisa se concentra nas relações entre escuta, fala e canto em diálogo com o corpo, o ambiente e o outro. Sua prática abrange performances ao vivo, peças sonoras, experimentação radiofônica e ações colaborativas, tendo a improvisação como elemento central e sensível de criação. Atua na intersecção entre práticas experimentais e processos relacionais, investigando formas expandidas  de escuta, narrativas invisíveis e materialidades sonoras. Seus trabalhos já foram apresentados em festivais e espaços culturais na América Latina e na Europa.




00h


Três Chaves Perdidas / Três Frases Enterradas (2020), de Thelmo Cristovam

Duração: 1:00:00


Em dois lados de uma mesma fita, estão duas composições com mesma duração, baseadas na sobreposição de ruídos e gravações de campo. Recomenda-se uso de fones de ouvido para melhor apreciação da obra. Thelmo Cristovam, nascido em Brasília/DF em 1975, vive e trabalha em Olinda, Pernambuco. É artista sonoro, improvisador e compositor, com formação acadêmica em física e matemática pela UFPE, onde estudou sistemas dinâmicos (caos determinístico e teoria da catástrofe) e lógicas não-formais (meta matemática). Desde 2000 atua como pesquisador independente em psicoacústica. Suas performances de improvisação livre focam na respiração e garganta (saxofone, trompete, trombone, flauta) e em ondas eletromagnéticas (satélites e rádio). Sua pesquisa poética abrange rádio arte, noise/drone e composições que combinam gravações de campo, fotografia, vídeo e texto em diversos contextos.




Sexta-feira, 17 de outubro


20h


O Cinema Que Não Foi (2025), de Manoel Cunha de Queiroz

Duração: 32’00”


Podcast com formato de rádio documentário que conta a história do projeto nunca concluído do cinema de rua da cidade de Crato-CE. O programa explora a história dos cinemas de rua da cidade do Cariri cearense e como o projeto Cinema da Cidade acabou sendo abandonado, deixando a cidade sem uma proposta real para um cinema de rua. Manoel Cunha de Queiroz é jornalista formado pela Universidade Federal do Cariri (UFCA). Com 24 anos, ele trabalha como social media em uma agência de marketing no Cariri e produz outros podcasts com o perfil Dois Takes Depois.



Os Sons Que (Não) Ouvimos, O Passado Que Nós Queríamos (2024), de Eduardo da Silva Brito

Duração: 02’04”


Cada espaço por onde passamos tem seu próprio som, suas próprias características. Na maioria das vezes, porém, percorremos os espaços da nossa vida com pressa, sem ouvir o que está lá, tanto o espaço quanto seus objetos e pessoas. Estamos tão envolvidos na vida cotidiana que as coisas que são uma parte real dela tendem a ser ignoradas. E, ainda, muitas vezes estamos em algum lugar, mas estamos pensando em algo completamente diferente. Às vezes, até nos dissociamos de onde estamos e entramos em um transe onírico pensando no que poderia ter sido em vez de viver o que é. Isso pode ser ruim ou bom, é discutível. Mas muitas vezes é necessário, tanto para nossa sobrevivência quanto para evitar sermos sobrecarregados. Eventualmente, o tempo passa, nossas mentes seguem em frente e voltamos à vida cotidiana de correr para todos os lugares. O autor explorou os sons de um lugar por onde passa regularmente com pressa e tentou ouvir seus sons mais atentamente, realmente prestar atenção a eles e usar seus sons como parte dessa experimentação. Eduardo da Silva Brito é português, tem 39 anos e sua vida mudou durante a pandemia de COVID-19. Agora estuda para se tornar um artista de mídia em tempo integral e criou seu próprio estúdio criativo, onde deseja explorar arte de mídia interativa, desde videogames até experiências XR (realidade expandida), em que o áudio/som desempenham um importante papel.



Recomposições (2020), de Ciro Lubliner

Duração: 06’44”


Ensaio sonoro que parte da dimensão da apropriação – de canções, ruídos, entrevistas, poemas e textos teóricos – visando construir um pensamento de matriz estética que trabalha a ressignificação como força criadora no contemporâneo. Ciro Lubliner é artista, pesquisador e tradutor, com doutorado em Comunicação e Cultura pela UFRJ com tese sobre as poéticas da apropriação na arte contemporânea. Também é mestre em Literatura Comparada pela USP e graduado em Imagem e Som pela UFSCar.



Haikus 俳句 (2025), de María Mot

Duração: 05’05”


Obra que explora ressonâncias e o aprimoramento de harmônicos para revelar os timbres que emergem por meio da manipulação sonora. Inspirada na natureza concisa e evocativa dos poemas haicais, a obra é composta por faixas curtas — cápsulas sonoras — que capturam momentos fugazes de som. Baseando-se no gamelão balinês, na estética glitch e na composição de microbeats, essas peças investigam as texturas e vibrações sutis que surgem quando o som é cuidadosamente moldado e sobreposto. Ao mesclar estruturas rítmicas tradicionais com minimalismo eletrônico e técnicas experimentais, Haikus convida os ouvintes a um espaço contemplativo onde cada ressonância se torna um gesto delicado dentro de uma paisagem sonora em evolução. María Mot é compositora argentina de música eletrônica minimalista. Estudou Composição na Universidade Nacional das Artes (UNA) e atualmente cursa Música Expandida na Universidade Nacional de San Martín (UNSAM). Seu trabalho se concentra no timbre por meio da exploração de ressonâncias e harmônicos como forma de contemplação sonora. Influenciada por glitch, pop, música industrial e experimental, apresentou-se na Argentina e no Japão. Também colaborou com Ernesto Romeo no La Siesta del Fauno, um dos estúdios e laboratórios sonoros mais emblemáticos da América Latina.



é fácil se apaixonar por uma ideia (2025), de Nathalia Fragoso

Duração: 05’47”


[voz canto fala

textos poemas

ruídos de rádio

ruído branco]


[criação

improvisação

escrita em livre associação]


[intimidade

inconsciente]


[loops

camadas]


[início

preâmbulo]


Nathália Fragoso é artista do som, com atuação em composição, interpretação e improvisação. Seu trabalho explora o ruído, a indeterminação, o silêncio e a experimentação, buscando o diálogo entre a música e outras linguagens artísticas para recriar ambientes, contextos e sensações. É bacharel, mestre e doutora em Música pela Escola de Música da UFMG, com ênfase em Processos Analíticos e Criativos.




21h


É Fodástico - Ep. 01: Gênesis (2024), de Antonio Ribeiro, Clarice do Carmo, Hugo Queirão Schliewe, Lorenzo Mezencio e Yuri Fagundes

Duração: 09’00”


Paródia de revista eletrônica que busca utilizar a estrutura do programa televisivo Fantástico como base para construção de uma paródia em áudio, uma releitura cômica do programa, dando a ela um lado mais despojado sem abandonar o teor satírico. A proposta de definir sua ambiência em períodos históricos e mitológicos dá a oportunidade de criar situações e piadas conectadas a esses contextos históricos e ligadas também a um arco narrativo maior com detalhes contemporâneos. Os autores são estudantes de Cinema e Audiovisual na UEG (Universidade Estadual de Goiás), que realizaram o trabalho para a disciplina de Narrativas Sonoras. Cada um pôde contribuir com o processo e essa diversidade resultou em um trabalho divertido de se ouvir.



Echoes of Valar (2025), de Miguel Antonio Contreras Hincapie

Duração: 01’41”


A elementaridade da voz e sua repercussão como entidade de maravilha são capturados na oratória de narrativas históricas que enriquecem e, eventualmente, permitem a subversão da realidade. No entanto, ela tem sido ofuscada pelo uso indevido da eletrônica. O sistematismo e o uso de formas repetitivas têm impedido o crescimento da sonoridade, independentemente de sua fonte, promovendo "bits", e acelerações que impedem o ouvinte de ser visto como um agente ativo na criação sonora. Por tudo isso, Ecos dos Valar nasce da investigação do que se perdeu, do que foi esquecido. É a redescoberta da relíquia mais antiga que existe: A Voz. Uma voz nascida do mais primitivo da evolução, uma voz que vem do lamento, do sussurro, da prece, da súplica. É a resposta visceral do pensamento humano. Miguel Antonio Contreras Hincapie é um artista transmidiático que integra escultura, arte sonora e novas mídias em sua prática. Formado com honras em Artes Plásticas pela UNEARTE, com especialização em escultura, desenvolveu a pesquisa Subversión de la Escultura Fantástica, que antecipou sua exploração da poética expandida. Também possui formação em Enfermagem e pós-graduação em Direção de Arte, Roteiro e Cinematografia, o que sustenta sua abordagem crítica sobre corpo, espaço e narrativa. Foi premiado na Bienal Internacional da ULA (2022) e no II Salão de Artes Visuais Coro (2016), e tem desenvolvido trabalhos que vão de intervenções urbanas a instalações museológicas e participação em festivais de arte sonora (Sur Aural, Tsonami). Em 2023, participou da residência Instalação como Prática Híbrida (Argentina) e da Art Session Innopraktika (Rússia), aprofundando sua pesquisa sobre as interseções entre o físico, o digital e o território. Expôs em países como Itália, EUA, México e Colômbia, e atualmente integra os festivais Sur Aural (Bolívia) e Arte Urgente (Mérida).



Aguaje (2024), de Symi

Duração: 15’32”


Um momento, um instante antes da tempestade e depois dela. Uma lembrança. Symi é o projeto de Fernanda Flores, musicista eletrônica experimental que busca capturar atmosferas emocionais por meio de sínteses sonoras concretas e eletrônicas. Com seus seis álbuns lançados – CR 350, CR 450, CR 570, T 36000/2, Botanikη e Litorales – ela forma um sexteto que oscila entre o ruído atmosférico e ambiente e o hipnotismo dançante do trance.



Baía Contígua (2025), de SOMA_LAB

Duração: 26’00”


Performance ao vivo realizada durante a IV CIPS - Conferência Internacional de Pesquisa em Sonoridades (2025), resultado de uma expedição artística de dois dias à Reserva de Guapi-Mirim. A ação inaugurou um projeto transdisciplinar de mapeamento sonoro das reservas da região. Com sons e imagens captados nos biomas do mangue e do mar da Baía de Guanabara, propõe-se uma performance experimental e improvisada. Cada participante cria a partir do material coletado, com instrumentos analógicos e digitais, refletindo as camadas sonoras e os impactos da poluição, especialmente sonora. Soma_Lab é um grupo de pesquisa do Programa de Pós-Graduação de Artes Contemporâneas da Universidade Federal Fluminense (Niterói-RJ), que desenvolve atividades acadêmicas, científicas e artísticas no campo das sonoridades. Para essa proposta, o grupo conta com Malu Hatoum (voz e flauta awã-pàrè), Rodrigo Ramos (eletrônica ao vivo), Leo Alves Vieira (guitarra) e Pedro Ruback (live coding).



22h


RadioZapp - Pueblo Mapuche y Povo Yawanawá (2020), de Gabriel Martinho e Paula Dominguez

Duração: 20’35”


Peça sonora que apresenta uma primeira comunicação entre o povo mapuche, na cidade de Malal Hue (Mendoza, Argentina), e o povo Yawanawá, na cidade de Feijó (Acre, Brasil), mediada por Gabriel Martinho e Paula Dominguez. A obra foi veiculada em 27 de agosto de 2020 pela Radio Nacional Argentina no evento radiofônico planetário #WIRELESS, organizado pela Radioee.net e pelo Centro de Arte Sonoro, em conexão direta com diferentes rádios em todo mundo. O evento celebrou os 100 anos da primeira transmissão pública feita por “Los locos en la azotea”, líderes da Sociedad de Radio Argentina. Em agosto de 1927, Enrique Susini, César Guerrico, Miguel Mugica, Luis Romero e Ignacio Gómez) instalaram um transmissor Marconi de rádio, contrabandeado da França, no terraço do Teatro Coliseo de Buenos Aires. Gabriel Martinho, brasileiro de 39 anos, é artista sonoro-visual, educador e terapeuta, com mais de uma década de atuação no audiovisual. Seus filmes Fotogratis e Proxima foram premiados internacionalmente. Participou de projetos de arte sonora como Transmissão Fordlândia e Somsocosmos, além de expor no Parque Lage, Espaço Saracura e na mostra Parada 7 – Arte em Resistência. Atuou como educador em instituições como a Escola de Cinema Darcy Ribeiro, EAV, Fundação Cultural do Pará e SESC. Recentemente, trabalhou como técnico e editor de som no podcast do Museu Bispo do Rosário. Paula Domínguez, argentina de 40 anos, é educadora, roteirista e realizadora audiovisual. Formada em Letras e mestranda em Arte Latinoamericano (UnCuyo), atua como facilitadora de habilidades socioemocionais no programa Conectados por Mendoza Futura.



Fireworks (Estalinho II) (2025), de VorticeX

Duração: 15’11”


Estalinho II é uma nova gravação da série Fireworks, de VorticeX, feita especialmente para o Festival Irradia 2025. Esta obra ao vivo, que explora a ressonância sonora e simbólica dos fogos de artifício, manipula gravações de campo de fogos de artifício obtidas graças aos generosos usuários colaboradores do freesound.org, junto a reconstruções fragmentadas de Feu d’artifice, de Stravinsky, reimaginadas por meio do CDP (Composers’ Desktop Project). A planta parceira preferida de VorticeX, Mr Personality, interage com a performance usando o PlantWave, controlando parâmetros dentro do Ableton Live e do Max. VorticeX é um projeto de eletrônica ao vivo que explora espacialização, instrumentos e dispositivos controlados por plantas, sonificação de eventos naturais e climáticos e dados de infrassom, além de elementos eletroacústicos analógicos. Seus trabalhos ao vivo foram transmitidos por estações de rádio ao redor do mundo. Sua sonificação do Ciclone Freddy foi destaque no álbum Nova Coletânea vol. 01, lançado pela SBME (Sociedade Brasileira de Música Eletroacústica) em maio de 2025. Sua versão quadrafônica foi apresentada no evento Knob Detox da UNESPAR, em Curitiba-PR, no mês seguinte. Em 2025, VorticeX tornou-se afiliada à SBME.



neither shore (2025), de Paul Beaudoin

Duração: 15’00”


Inspirado em Crossing the Water, de Sylvia Plath — uma coletânea de poemas que explora interseções, reflexões e limiares silenciosos — a peça habita um espaço liminar onde suaves falhas tecnológicas flutuam ao lado da ressonância tranquila de harmônicos de cordas, taças tibetanas e drones. Essa passagem suspensa não oferece desespero nem resolução, apenas uma deriva lenta onde os resultados permanecem sem solução, em camadas e em aberto. A dualidade entre a calma interior e a turbulência exterior reflete o terreno sonoro que ela contém: sempre suspenso entre a partida e a chegada, repousando em mil momentos de quietude incerta. Paul Beaudoin (Estados Unidos/Estônia) é um compositor interdisciplinar e artista visual de renome internacional que explora a relação entre som, tempo e memória. Seu trabalho combina mais de quarenta anos de criação, ensino e pesquisa para abrir espaços de escuta e contemplação.



23h


Sonqu Nanay, de Colectivo Sur Aural

Duração: 1:00:00


No idioma quíchua, Sonqu Nanay significa “dor de coração” ou “mal estar da alma”. A peça é um espaço sonoro experimental que explora as profundezas da experiência humana através do som, da música e da palavra. Por meio de composições originais, spoken word, gravações de campo e uma seleção criteriosa de peças sonoras de diversos artistas, Sonqu Nanay cria uma atmosfera intimista e contemplativa que aborda o luto, a melancolia, a resiliência e a busca por significado em tempos de transformação. Além do formato tradicional, o programa é concebido como uma experiência imersiva que convida à introspecção e à conexão com as emoções mais arraigadas. É uma jornada auditiva que honra as complexidades do sentir humano, transformando o "desconforto da alma" em uma oportunidade de catarse e expressão artística. 



00h


Identificando a atividade elétrica como uma presença sonora alvoroçada (2025), de CACHORRO-BUGIO

Duração: 03’14”


Trecho de peça sonora generativa baseada em síntese modular. O título da obra faz uso da analogia para propor uma inter-relação entre o sonoro e o psicossocial, permitindo, por meio da metáfora, compreender os sons eletrônicos da peça como formas singulares providas de vida própria. CACHORRO-BUGIO é um projeto de experimentação sonora do artista Thiago R., que explora a indeterminação, o ruído, o zumbido, o erro etc. O projeto pode assumir formas fluidas e colaborativas de criação. Baseado em São Paulo (SP), Thiago R. é artista sonoro/artista educador, graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, e mestre em Artes pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Já participou de mostras coletivas, publicações, coletâneas e festivais no Brasil e no exterior.



sussurr III (2025), de Ianni Luna

Duração: 07’51”


Estudo poético que se desdobra em eventos sonoros de caráter experimental. O discurso, como enunciação do sensível, carrega um caráter escorregadio, insinuante, assumindo efeitos de segredo. A peça aponta para a potência do ruído de pouco volume, na insistência das sonoridades diminutas, minúsculas.  Primeira obra da série, sussurr I ocorreu em 2022, como performance sonora durante o evento #21.ART no Museu da República, em Brasília (DF). Já sussurr II ocorreu no ano seguinte, como performance sonora na abertura da exposição Mundos (Im)possíveis, durante o X COMA, na galeria Espaço Piloto da Universidade de Brasília (UnB). sussurr III foi composta a partir de gravações caseiras realizadas durante o mês de julho de 2025. Ianni Luna é artista e pesquisadora do som. Tem pós-doutorado em Artes pela UnB. A partir da noção de ambiente, seus trabalhos elaboram mundos imersivos na articulação entre arte, tecnologia e ficção. Atualmente desenvolve projeto solo de música eletrônica experimental, lançando faixas pelos selos PlasBodfa Project, do País de Gales, e NCounters, de Berlim. Participou também das coletâneas Sonora (2020), Música Insólita (2023), Vozes sem palavras II (2024), Cerrado Elétrico vol. #01 (2024) e Eletro Vocalidades (2025). Toca guitarra na banda Soror, integra o coletivo Eclat Crew (Berlim) e é co-fundadora do coletivo Bruxaria (Brasília).



Eggshells (2025), de Maria Moura

Duração: 04’20”


Eggshells (cascas de ovo em português) vem da expressão em inglês “Walking on eggshells”. Usa-se quando alguém tem de ter muito cuidado ao falar com uma pessoa para não tocar em temas sensíveis, ou para não a provocar. É incomodativo andar sobre cascas de ovo e há pessoas que andam a vida toda sobre estas, por lidarem com pessoas ou situações abusivas, por não entenderem normas sociais, entre outros motivos. Maria Moura, nascida em 2003, é estudante vimaranense de Media Arts em Braga, Portugal. Concluiu a licenciatura em Ciências da Comunicação na Universidade do Minho em 2024, especializando-se em audiovisual e multimédia. Provavelmente tem demasiados hobbies para uma pessoa só. Entre estes, incluem-se desenhar, escrever, cantar, dançar, fotografar, atuar, ler e assistir novelas argentinas.



Audio(e)sferas: Ancestralidades (2025), de Paulo Motta

Duração: 30’09”


A peça integra uma pesquisa de doutorado em Música e Artes Sonoras (UFJF, MG) e parte de sessões de transmissão online nas quais sons eletrônicos, gerados por síntese em tempo real, se entrelaçam ao ambiente sonoro imediato. Nesta versão da obra, o processo se inverte: os sons sintéticos são gravados em estúdio e, depois, são inseridos elementos captados do ambiente, o que propõe novas formas de escuta e interação com os materiais sonoros. Os samples utilizados foram extraídos tanto do ambiente imediato quanto da peça Sonorus Urbis, composta pelo autor e lançada em CD em 2001 com apoio da Lei de Incentivo à Cultura Murilo Mendes. Paulo Motta é compositor, sound designer e sintetista radicado em Juiz de Fora (MG). Seu trabalho se concentra na música eletrônica experimental e na arte sonora, com enfoque em pesquisas interdisciplinares que conectam filosofia, estética, musicologia, sociologia, antropologia, psicologia e estudos sobre o som eletrônico e a consciência humana. Suas peças eletroacústicas, acusmáticas e experimentais já foram apresentadas em exposições e incluídas em coletâneas físicas e digitais de selos da Itália, EUA, México, Espanha, entre outros. É membro da SBME (2023–2025) e doutorando em Música e Artes Sonoras pelo Instituto de Artes e Design da UFJF.




Sábado, 18 de outubro


20h


Papod Preta com Afronta MC (2025), de Nicolly Barbosa Credi-Dio

Duração: 59’10”


Podcast criado por e para jovens negras capixabas. A cada episódio, busca-se construir pontes entre gerações, ao entrevistar mulheres negras cis, trans, travestis e pessoas não-binárias que inspiram com suas trajetórias, vivências e saberes. Neste episódio, o podcast recebe Afronta MC (@afrontamc), travesti preta, assistente social formada pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e referência no rap capixaba. Em uma conversa potente, ela compartilha sua caminhada na cena do Hip Hop, refletindo sobre o gênero como um espaço de afirmação, resistência e criação para as múltiplas identidades negras. Uma escuta necessária que mostra que, entre feridas abertas e sonhos urgentes, pessoas trans negras seguem fazendo coisas gigantes neste mundo que tenta diminuí-las. Nicolly Credi-Dio é uma mulher negra, produtora cultural e jornalista formada pela UFES. Atualmente, é mestranda no Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades da mesma instituição, onde pesquisa temas relacionados à jornalismo e memória. Sua atuação transita entre a comunicação e cultura, com foco na valorização e na promoção de projetos que articulam arte, território e pertencimento.



21h


maçante formidável (2025), de marcelo brissac

Duração: 03’34”


A peça teve início em 2018-19, quando Paulo Brandão e Marcelo Brissac começaram a trabalhar num estúdio com a proposta de misturar música original com eletrônicas e textos escolhidos quase ao acaso. Tal peça foi reinventada agora, em 2025, quando Brissac gravou alguns momentos com a flauta e depois começou a mexer nas gravações em seu home estúdio. Foi acrescentando outras invenções suas, como a primeira gravação produzida no Brand estúdio. Nela, gravaram o texto que está no livro A Miscelânea Original de Schott, de Ben Schott, que ele recolheu do autor inglês Samuel Johnson (1709-84). O artista também tocou as flautas gravadas, depois fizeram a mixagem e masterização. Neste momento de 2025, o artista decidiu apresentar esta “maçante e formidável” invenção sonora, como uma reflexão para este período em que tantos contrapontos, às vezes antagônicos, surgem nos dias de hoje. Marcelo Brissac é flautista, radialista e produtor musical. Atuou como programador e produtor nas rádios Gazeta FM e Cultura AM, em São Paulo, e nos EUA produziu e apresentou o programa Brazilian Connection na rádio WCBN (Ann Arbor). Como músico, tocou música clássica, brasileira e jazz, além de trabalhar em estúdios de produção publicitária e artística. Gravou o CD Bazulaques Brasileiros com Livio Tragtenberg, com peças para piano preparado a quatro mãos (1998). Também produz poesia concreta, trilhas sonoras para dança, teatro e instalações. Foi gerente de produção e programação artística das Rádios MEC AM e FM por 12 anos, onde criou e apresentou os programas Música de Invenção e Jazz Livre!. Desde 2020, produz e apresenta a série A Voz Livre – Poesia Sonora, veiculada semanalmente nas rádios Morabeza (Cabo Verde), Rádio UFRJ (Rio de Janeiro) e Universitária FM 107,9 (Fortaleza).



Ecos Tangaraenses (2025), de Rian Sousa Oliveira Bispo e Grupo Memória Sonora Tangará da Serra

Duração: 02’45”


A intervenção sonora propõe uma escuta sensível das sonoridades de Tangará da Serra, por meio dos sons do cotidiano. Com fragmentos sonoros gravados em diferentes espaços da cidade — como feiras, rios, cachoeiras, aldeias indígenas, parques — a obra cria um mosaico auditivo que convida à redescoberta do território a partir da escuta. Rian Bispo é estudante de Jornalismo na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), em Tangará da Serra (MT). Atua na criação de projetos sonoros, com foco em experimentações em radioarte e arte sonora. É bolsista do projeto Memória Sonora' de Tangará da Serra, que busca estudar as sonoridades das cidades em que atua.




You're gonna be ready to burn it as soon as you tape it (2020), de John Roach

Duração: 05’00”


O Corte >

“Aceitamos o corte porque ele se assemelha à forma como as imagens são justapostas em nossos sonhos. Na verdade, a brusquidão do corte pode ser um dos principais determinantes para a produção da semelhança entre filmes e sonhos.”

Walter Murch: Um Piscar de Olhos


MZ-R700 >

Recentemente, o autor desenterrou e começou a digitalizar sua coleção de gravações de minidiscos. Esses sons, codificados com seu Sony verde-ácido, em pequenos tablets quadrados de plástico, representam um período entre 1999 e 2007. O processo de rever e memorizar esses sons foi como um sonho acordado, enquanto ele ouvia ao longo dos anos e locais, alternando entre eventos banais, marcos importantes e sons que o artista não conseguia identificar.


“Grande porta de madeira abrindo e fechando, close” >

O sonho do minidisco apresentado aqui é uma montagem das gravações da Sony MZ-R700. É pontuado por identificações de voz capturadas por técnicos de som em campo (cortesia do designer de som Alex Joseph). Essas IDs, um subproduto do processo de gravação que o público nunca chega a ouvir, são resgatadas da sala de edição e agora atuam como nossos guias de sonho enquanto cortamos de cena em cena.


John Roach é um artista e educador radicado no Queens, Nova York, que sempre foi fascinado pelo papel intrincado que o som desempenha em nossa percepção do mundo. Seus projetos mais recentes, que vão desde transmissões de rádio a instalações intermidiáticas, exploram a capacidade do som de construir retratos não convencionais de lugares e concentram-se em temas relacionados à biodiversidade e ao clima.



Sonâncias dos Fluidos em Arritmia (2024), de Ana Lira e Noís Rádio

Duração: 28’21”


Tendo como convidado o coletivo colombiano Noís Radio, a peça dialoga com as experiências que a autora teve ao longo do percurso do Rio Saracura, na região do extinto Quilombo Saracura, no bairro do Bixiga, em São Paulo, entre 2015 e 2023. Contemplando como metáfora as rotas das águas que conectam rios, oceanos e seus afluentes, a obra trata da influência dos legados da Escola de Samba Vai-Vai para outros territórios e das articulações dos povos negros contra projetos de gentrificação. Ana Lira é multiartista, curadora independente, pesquisadora, escritora e editora brasileira. Suas ações são baseadas na construção de parcerias e articulações com coletividades há mais de trinta anos, sendo vinte deles dedicados às práticas artísticas envolvendo saberes de escuta, vivências, instalações, programas de radioarte, intervenções urbanas, livros de artista, narrativas visuais, peças têxteis, textos, roteiros sonoros, processos de mediação e projetos especiais. O coletivo Noís Radio atua na cidade de Cali desde 2009, explorando universos sonoros cotidianos, criando experiências radiofônicas e trabalhando na concepção de exercícios de escuta coletiva por meio de caminhadas, visitas guiadas, mesas de rádio itinerantes, oficinas, laboratórios de som e comunicação.



Descontinuous Meditation I (2020), de Rodrigo Pascale

Duração: 08’23”


O conceito por trás desta composição de acusmática nasceu de reflexões sobre a relação entre o concreto e o virtual. Em contraste com o ambiente binário virtual, os humanos compreendem a realidade de forma contínua. Portanto, as máquinas traduzem nossa percepção do mundo físico para sua linguagem. Foi desenvolvido um procedimento descontínuo para compreender o objeto, “guitarra”, que é representado por esta obra. Uma coleção de sons foi gravada e organizada com base em uma segmentação previamente determinada, construindo uma estrutura totalmente enviesada por essa mediação. Nessa composição, os universos descontínuo e contínuo se chocam e coexistem, com o primeiro tentando representar o último. Rodrigo Pascale, nascido em 1996, é um compositor brasileiro radicado nos Estados Unidos. Formou-se em composição pela UFRJ em 2018 e, desde 2019, vive nos EUA, onde cursa mestrado no Peabody Institute da Universidade Johns Hopkins. Suas obras já foram interpretadas por importantes grupos norte-americanos, como o JACK Quartet e o International Contemporary Ensemble. Pascale teve composições selecionadas para diversos festivais, incluindo o Panorama da Música Brasileira Atual, MUSLAB 2020 e o Festival Espacios Sonoros 2020.



22h


Poema 42 (2021), de Ro Barragán

Duração: 02’08”


O texto analisa um poema criado com a técnica de superposição de textos datilografados, o que gera ritmos visuais e sonoros. Essa prática provoca repetições e camadas que constroem uma musicalidade visual e auditiva. Às vezes, o acúmulo é tão intenso que o texto quase desaparece, como se se apagasse por excesso. Essa escolha estética não é aleatória, mas deliberada: trata-se de criar palimpsestos que, ao contrário dos tradicionais, não permitem recuperar um texto original. O foco está na materialidade e sonoridade do presente, rompendo com a lógica interpretativa tradicional. Essa ruptura é também ética: frente à perda das promessas de verdade e beleza do discurso, o poema propõe um sentido que não vem do conteúdo, mas da forma — da maneira como é dito. A significação nasce da disposição gráfica, das repetições, das texturas visuais e, sobretudo, da sonoridade das palavras. Ro Barragán é artista visual e experimental, com mestrado em estética e teoria da arte. Atua como professor de gravura na Faculdade de Letras da Universidade Nacional de La Plata (UNLP), onde também realiza pesquisas e ações de extensão. Com formação ligada a mestres como E. A. Vigo, Enrique Arau e Juan Carlos Romero, seu trabalho artístico se concentra na comunicação e no poder da palavra, explorando seus limites até a incompreensibilidade. Criador do ateliê Ilusión Gráfica, dedicado à experimentação e impressão tipográfica, também atua em poesia visual e sonora, com performances, vídeos e oficinas. Fundou o grupo dosmasdoscinco com Luis Pazos e é cofundador da Escola de Impressão Ruim, que promove técnicas de impressão alternativas, em parceria com artistas da Holanda e dos EUA. Participou de diversas exposições, na Argentina e internacionalmente.



SOM João Del-Rei (2025), de Rabay Artemídia

Duração: 15’45”


Mosaico experimental que recria a paisagem sonora de uma das cidades históricas mais emblemáticas de Minas Gerais. Fundada no ciclo do ouro, São João del-Rei guarda em suas ruas de pedra, igrejas barrocas e tradições populares os vestígios de três séculos de história. A cidade, que também foi polo industrial e ferroviário, oscila entre o passado colonial e a reinvenção contemporânea. Remixando toques de sinos – reconhecidos como patrimônio imaterial, os sons da maria-fumaça, ruídos de fábricas antigas, cachoeiras, procissões e orquestras seculares, a peça funde tradição e tecnologia. A partir de referências da música concreta, beats e uma estética inspirada na antropofagia, cria-se um retrato anacrônico da “Cidade dos Sinos”. Rabay Artemídia é artista e produtor cultural com atuação interdisciplinar entre arte, mídia e luta antimanicomial. Mestre em Artes pela UFSJ, desenvolve há mais de 15 anos trabalhos que combinam experimentalismo sonoro, música eletrônica e práticas arteducomunicativas. Foi premiado pelas Leis Paulo Gustavo e Aldir Blanc e é idealizador de projetos como o festival Cyber Roça, o duo SIRICUTILT e o álbum Rádio Lelé, gravado com pacientes de um hospital psiquiátrico. Sua obra mistura tradição e inovação, com destaque para experiências que ressignificam paisagens sonoras urbanas. Atualmente, cursa especialização em Política e Gestão Cultural pela UFRB/MinC.



Stéréophonotopie du Panier (2023), de Loïc Guerineau

Duração: 12’24”


Trabalho de tese em pesquisa e criação. Com base em gravações feitas durante um verão no histórico bairro de Panier, em Marselha, esta paisagem sonora fantástica busca contar uma história subjetiva da dinâmica de um bairro em processo de turistificação: por trás do cartão-postal, os navios de cruzeiro cujos motores nunca param são sempre ouvidos, mesmo que às vezes esquecidos. Levados pelo Mistral, um vento noroeste típico da região, eles são um lembrete de que a realidade neoliberal ameaça constantemente os ecossistemas naturais e urbanos. Natural de Marselha, o francês Loïc Guerineau é compositor e pesquisador na área de música eletroacústica, com foco em paisagens sonoras e ecologia sonora. Seus projetos também o levaram a criar documentários sonoros e programas de rádio criativos em colaboração com a Rádio Grenouille e a rede internacional de rádio radia.fm. Adoraria ser punk, mas na vida “you can't always get what you want”.



DOHI / TOOGIT (2020), de Gimu

Duração: 21’43”


Gestos sonoros de gratidão e memória nascidos do impulso de homenagear artistas que, quando o artista ainda era jovem, já operavam com samplers, loops, e com a ousadia de considerar o “som ruim” não como falha, mas como estética. Gimu carrega consigo a herança do tape, da degradação como linguagem, da textura corroída como poesia. Ao manipular essas texturas, também evoca as memórias de um tempo analógico: a estática das ondas curtas, a sintonia falha de rádios distantes ouvidos no aparelho do seu pai — e depois em tantos outros, em diferentes fases da vida, quando buscar o mundo pela escuta era um ato quase mágico. Tudo isso se sedimenta em uma maneira de compor fragmentada, nostálgica, viva. Os títulos são palavras inventadas, mas carregam afeto e homenagem. São nomes imaginários para sentimentos reais. São sons que não existiam até que existissem, assim como cada uma dessas músicas. Gimu é o apelido e nome artístico de Gilmar Monte, artista sonoro e músico experimental capixaba. Transitando por gêneros como drone music, dark ambient e sound art, Gimu constrói canções em forma de paisagens sonoras abstratas e existenciais, que investigam o habitar do espaço-tempo, a brutalidade da existência, a impermanência de todas as coisas e os atravessamentos da depressão. Transforma o esfacelamento sonoro em linguagem, fazendo da ruína um gesto poético. Atualmente, desenvolve suas pesquisas no mestrado em Artes pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).




23h


Peça Sonora para dança (2022), de Flavia Goa

Duração: 26’28”


Trilha sonora realizada tocando ao vivo para dança com a Cia Experimental de Dança, de São Paulo. Produção Kaxinawá Pesquisas Sonoras. Flavia Goa é guitarrista e curadora do F(r)esta Festival de Improvisação desde 2019. É membro do grupo de pesquisa SOMA (O Som nas Artes), na Universidade Federal Fluminense. Apresentou-se como guitarrista de improvisação em festivais como Pequenas Sessões, Novas Frequências e festival de dança e performance de Cataguases. Ganhou prêmio de trilha sonora com Felipe Continentino no documentário Tear. Tem discos lançados com os selos como Música Insólita e Brava, e toca com diversos artistas da cena experimental carioca.



Espirais nº1 / Espirais nº 2 (Pássaros) (2022/2021), de Gustavo Infante

Duração: 07’00”


Composições com tape loop estendido, gravadas e manipuladas em gravadores/mixers de 4 canais. Espirais nº1 ultrapassa os limites da carcaça plástica da fita cassete, revelando um devaneio ruidístico de pulsos espiralados, inspirado em ritmos brasileiros. Espirais nº2 é um passeio sonoro em rodopios de pássaros — asas de som circulando pelo céu aberto. Gustavo Infante é mestre em Música e bacharel em Música Popular pela UNICAMP, atualmente doutorando em Música pela mesma universidade. Compositor, pesquisador, violonista e cantor, ele lançou o álbum Pássaros (2021) pelo Selo Bastet e pela Think! Records (Japão). Seu primeiro álbum autoral, SER (2019), saiu pelo Selo Bastet/YBmusic e contou com participações especiais de Livia Carolina, Juçara Marçal e Guilherme Held. Em 2016, apresentou o EP Transe, produção independente junto com a percussionista Livia Carolina. Desenvolve também parcerias criando trilhas e realizando performances ao vivo para espetáculos de dança e videodanças.



rotina (2025), do Grupo Reverbera

Duração: 10’00”


Improvisação livre em quatro atos, em que cada parte representa uma parte do dia de um trabalhador de fábrica: acordando de manhã, no transporte para o trabalho, durante o trabalho na fábrica e de noite após o trabalho. O Grupo Reverbera é um projeto de extensão da UFSB coordenado pela professora Ariane Stolfi, em que são trabalhadas práticas de improvisação livre, muitas vezes com base em peças audiovisuais — como filmes mudos clássicos, por exemplo. Em 2024, o grupo recebeu apoio da Lei Paulo Gustavo do Governo do Estado da Bahia como laboratório de desenvolvimento de produção audiovisual para a web. Participam desta obra: Alice Coelho, Ariane Stolfi, Gabrielle Giarola (voz e percussão); Caio Vandré, Lucas Rosário e Ariane Stolfi (instrumentos Virtuais); Gustavo Santos (baixo); Júlio Lem (voz e guitarra); e Rafael Portugal (fotografia).



A serra vai, deixando no meu corpo a paisagem (2024), de Frederico Pessoa

Duração: 08’46”


Obra sonora que faz referência direta à mineração, especialmente ao transporte de minério de ferro por navios graneleiros que percorrem o globo carregando montanhas inteiras e deixando imensos buracos vazios no lugar de origem. O estado de Minas Gerais, onde o autor vive, é o maior produtor de minério de ferro do Brasil e também local onde ocorreram os crimes das cidades de Mariana e Brumadinho. Em 2023, o estado exportou mais de 170 milhões de toneladas de minério de ferro, contribuindo para o tráfego cada vez maior de navios graneleiros ao redor do mundo e ampliando exponencialmente a quantidade de crateras vazias e mortas, além de represas repletas de lama tóxica. O título da peça sonora é uma adaptação de um verso do poeta Carlos Drummond de Andrade, que escreveu diversas obras sobre a mineração que devastava as serras de sua cidade, Itabira, em Minas Gerais, Brasil. Frederico Pessoa é músico e artista sonoro que utiliza sons e eventos cotidianos para criar peças sonoras, obras audiovisuais e performances multimídia. Seu trabalho recente explora questões políticas contemporâneas, como relações entre humanos e não humanos, mineração, repressão policial e silenciamento carcerário. Também escreve textos que unem literatura e análise sociológica da escuta, investigando o potencial mobilizador do som. É mestre e doutor em Artes pela UFMG, onde atua como sonoplasta e integra o grupo de pesquisa ESCUTAS.



00h


Estuario (Estereo) Estuario (2023), de Laguna como Limbo

Duração: 13’33”


Compilação de gravações em estuários, deltas, rios, manguezais e outros espaços acústicos. Ecossistemas ameaçados por desmatamento, inundações, secas: como são, como soam, como soavam, como poderiam se manifestar. Uma corrente biocultural de fluxo e refluxo desenvolvida em vários lugares no mesmo continente. Cidades flutuantes, cidades estuarinas. Da coleção sonora-herbal: Lótus Irupê. Ecossistema misto formado pela mistura de sons doces de rio e sons salgados do mar.


Estuário,

Como reservatório

Como hibridização

Como evento

(dinâmico, instável, variável)


Laguna como Limbo é Ana Laura Chimenti e Gustavo Mingus Minian aka IDOSÔIDOS VIDASOUVIDAS; viagem sônica ao interior de plantas que habitam cidades com pessoas ao redor. As gravações apresentadas neste trabalho foram feitas no Delta do Paraná (Buenos Aires, Argentina), Piribebuy (Cordilheira, Paraguai), Recife (Pernambuco, Brasil), Maracaípe e Porto de Galinhas (Ipojuca, Brasil). O trabalho em Pernambuco contou com a participação e colaboração dos artistas e pesquisadores Isabela Stampanoni, Thelmo Cristovam e Beatriz Arcoverde.



Golpeando Areias (2024), de Ulisses Carvalho

Duração: 19’04”


Peça sonora tecida na fricção entre frequências em um controlador digital, em que a modulação transforma o som em matéria sensível. Explorando os batimentos entre tons próximos — pulsos surgidos do intervalo mínimo entre os espectros — a obra provoca uma escuta granular e contínua, em que o som parece adquirir espessura e corpo. Ao tensionar o limite entre estabilidade e instabilidade sonora, a composição faz emergir uma materialidade vibrátil, como se cada frequência golpeasse uma superfície fina e viva, em constante agitação. O resultado é uma textura densa e contínua, em que o som não apenas se move, mas pulsa e se esfrega contra si mesmo. Trata-se de uma escultura sonora em permanente fricção, onde o som revela sua densidade própria — não como narrativa ou melodia, mas como presença que vibra, roça, insiste. Ulisses Carvalho é artista visual, designer gráfico e pesquisador de arte sonora, com base em Belo Horizonte. Seu trabalho investiga o som como fenômeno e matéria nas artes, explorando sua visualidade e tactilidade por meio de desenhos, pinturas, objetos, serigrafias e ações sonoras. Participou de projetos em diversas cidades no Brasil e no exterior, e teve obras veiculadas em rádios da Argentina e Uruguai. É mestre em Artes Visuais pela UFMG, com pesquisas sobre a materialidade sonora nas artes, e atualmente cursa doutorado na mesma instituição, estudando discos de artista. Possui formação em arte sonora, criação sonora e artes plásticas.




Domingo, 19 de outubro


20h


Tropofonia 17 (2025), de Cesco Napoli, Raquuel e Brisa Marques

Duração: 57’00”


Neste episódio do Tropofonia, as artistas Raquuel (Raquel Coutinho) e Brisa Marques são recebidas pelo artista sonoro Cesco Napoli, que propõe uma ocupação do espaço sonoro com vozes, ruídos, poesia e paisagens afetivas. Em um ambiente que mistura performance, ensaio e experimentação, suas falas e criações revelam pulsões poéticas e políticas que atravessam os corpos e as cidades, em sintonia com a proposta tropofônica de uma arte radiofônica híbrida, crítica e sensível. Cesco Napoli é artista sonoro, compositor e produtor cultural, atuando na criação de paisagens sonoras, trilhas e experimentações radiofônicas. É responsável pela edição e montagem de programas como o Tropofonia, desenvolvendo uma linguagem híbrida entre som, palavra e ambiente. Raquel Coutinho é compositora, pesquisadora e cantora da cena mineira, circulando o Brasil com Lenine. Seu trabalho cruza performance, literatura e experimentação sonora, com foco em práticas colaborativas e poéticas do corpo e da escuta, articulando arte e pensamento crítico. Brisa Marques é poeta, dramaturga, atriz e cantora. Transita entre literatura, teatro e música, com forte presença na cena cultural de Minas Gerais. Sua obra aborda questões sociais, femininas e afetivas, explorando a força da palavra falada e cantada em performances intensas e sensíveis.



21h


Ephemeral Steps & Eternal Voices (2024), de Despina Pilou, Annia Korneeva e Rositsa Kratunkova

Duração: 14’29”


Este podcast em quatro idiomas reflete nossa exploração e imersão nas culturas sonoras de duas cidades búlgaras. É o resultado de uma mistura de práticas experimentais, arte e ciência, criada por Annia Korneeva (mestranda em História da Universidade da Trácia), Rositsa Kratunkova (doutoranda em Sociologia) e Despina Pilou (doutoranda em História e Ciência Política da Universidade Panteion). Nosso objetivo era explorar diversos níveis de experiência e percepção por meio de caminhadas sensoriais e auditivas em Sófia e Plovdiv, conduzidas na Escola de Verão Heranças Sensoriais e Memórias Sensíveis nos Balcãs, realizada na primeira semana de julho de 2024. Ao longo dessas caminhadas, mergulhamos nas paisagens auditivas das cidades, com foco em percepções corporais, sensoriais e auditivas. Usando celulares como dispositivos de gravação, capturamos paisagens sonoras: desde as águas correntes de suas inúmeras fontes ao silêncio impressionante de sua ausência, ao zumbido do trânsito e à justaposição de sons próximos e distantes. Tomamos as reflexões do Prof. Olivier Givre sobre ecologia sonora, escuta e percepção, explorando a experiência corporal do som por meio de um exercício de escrita etnográfica e absorvendo os aplausos dos torcedores em um estádio de Sófia. Também nos sintonizamos com o patrimônio cultural imaterial da Bulgária, representado pelo canto polifônico do coral feminino Bistritsa Babi e pela vibrante "língua franca" dos músicos de rua no metrô de Sófia. Este último incluiu apresentações de um jovem violoncelista e um violonista mais velho, cantando em inglês. Essas experiências contrastantes – presença e ausência, proximidade e distância, materialidade e intangibilidade, inclusão e exclusão, língua materna e língua franca – nos levaram a questionar se os sons são efêmeros ou eternos, e como percebemos as ecologias sonoras que moldam o mundo ao nosso redor.



Berimgamba (2023), de Daniel Tamietti e Vitor Faria

Duração: 12’00”


Do encontro espontâneo entre o berimbau e a viola da gamba — dois mundos que se atravessam em um exercício de improvisação livre, escuta e risco — nasceu a obra. Gravado ao vivo em um quintal em Belo Horizonte (MG), esta faixa explora os dois instrumentos em suas imbricações e versatilidades, fundindo sons e também as palavras no título. "Berimgamba" nos convida a uma escuta atenta que reverbera pelo corpo todo e ressalta referências que nos compõem. Uma delas é Naná Vasconcelos, mestre que nos inspira com sua liberdade sonora e noção expandida de música. Daniel Tamietti é violoncelista, improvisador, compositor e arranjador. Mestre em Música pela UFMG, caminha entre a arte experimental, o repertório tradicional de concerto e a música popular. Participa de projetos de dança, vídeo e música improvisada, tendo integrado orquestras brasileiras, como a Orquestra Ouro Preto. É professor de violoncelo e integra a Orquestra Stradivarius do Colégio Santo Agostinho, A Outra Banda do Riodo, Trio Nascente e Duo Cello e Rio. Vitor Faria é artista e pesquisador, formado em Ciências Sociais (UFRJ) e Cinema (ECDR), além de co-fundador e editor da revista USINA. Atua como diretor de fotografia e montador, principalmente em clipes e documentários. Também realiza trabalhos em fotografia, videoarte, música e colagem.



Chiado de fita cassete (2025), de Fabio Bola

Duração: 09’20”


Peça que explora a estética sonora do chiado característico das fitas cassete, especificamente com a execução de fitas cassete no Tape Deck Pioneer Ct-w70r 6 Cassetes Alt Reverse, no estúdio do autor. Trata-se de uma nostalgia analógica ou imperfeição técnica com a execução de fitas deterioradas, loops de silêncios carregados de estática e camadas de textura que remetem à própria mecânica dos gravadores, para ressaltar a materialidade do som da era pré-digital. Foram utilizadas três pequenas amostras iniciais. Na primeira e na segunda amostras, foram aplicados uma combinação de pitch shifting e reversed echo do plugin Crystalizer, feedback, filtragem de frequências graves, depois agudas, e reverb. Na terceira amostra, foram utilizados filtros variados em espectros de frequência distintos, phaser, aplicação do plugin Decapitator e incluído reverb com eco. Os resultados foram cortados e arranjados nesta composição de 9’20’’. Fabio Bola é compositor, pianista, cantor, produtor, arranjador, DJ, diretor musical e professor, em atividade desde o final dos anos 1970. Formado pelo CIGAM e com mestrado em design de áudio (PUC-Rio), é também licenciado e doutor em filosofia (UFRJ) e doutor em arte (UERJ). Sua produção abrange música brasileira, jazz, música erudita, popular e experimental. Participou de eventos como a Bienal do Mercosul (2010) e exposições no MNBA (2017) e Centro Cultural dos Correios (2018). Em 2024 e 2025, teve obras incluídas em coletâneas da SBME e trilhas exibidas em festivais de videoarte na Rússia, Inglaterra, Itália, Croácia e África do Sul.



Rhythms of the Subatomic Landscapes (2025), de Hugo Paquete

Duração: 12’39”


Composição acusmática que reconceitua o ritmo como uma força instável e emergente, influenciada por flutuações quânticas e distorções sensoriais. Com raízes na tradição eletroacústica, a peça abraça o ritmo como um fenômeno fragmentado e auto-organizado. Inspirada na estética pós-techno, a obra rompe com estruturas métricas tradicionais, transformando pulsos em texturas voláteis e não lineares. Fragmentos rítmicos se desintegram e reorganizam em ambientes densos de ruído e resíduos sonoros, criando um ecossistema sonoro em constante reconfiguração. O ritmo, assim, torna-se um meio para explorar a instabilidade da percepção e do tempo no contexto pós-digital. A peça propõe uma escuta especulativa, em que o som atua como substância e método, oferecendo uma experiência imersiva de deslocamento temporal e sensorial. Hugo Paquete é um compositor e artista sonoro transdisciplinar, explorando as interseções entre música acusmática, estética pós-tecno e arte midiática experimental. Doutor em Arte Midiática Digital pela Universidade Aberta e Universidade do Algarve (2022), sua pesquisa e prática investigam as dimensões culturais, espaciais e algorítmicas do som por meio de composições multicanais, sonificação de dados e sistemas de performance interativos. Paquete apresentou trabalhos em instituições como ZKM Karlsruhe, Ars Electronica e outras. Sua linguagem sonora combina síntese especulativa, ruído e artefatos digitais para desafiar a audição e a percepção convencionais. Fundador do Absonus Lab, ele se envolve criticamente com o pós-humanismo, a cibercultura e as ecologias sonoras por meio da performance, da pesquisa e da educação.



22h


Morte e vida do peixe (2023), de Ondò Mainumy Beijaflô de Mãe Preta, Rafael Café, Diego Maia e Gabriel Martinho

Duração: 04’40”


Uma caminhada silenciosa cortando a paisagem sonora da feira levou os artistas a ouvir os caminhos de vida e morte do peixe. A peça sonora foi apresentada como uma performance pública no Mercado Ver-o-Peso em 27 de outubro de 2023, convidando pessoas curiosas no agitado fluxo cotidiano a ouvir os sons que saíam do bucho de um ser encantado humano-cabeça-de-peixe, traçando conexões nas águas do rio Guamá entre a capital e o Marajó. Ondò Mainumy Beijaflô de Mãe Preta é cantora, compositora e preparadora vocal de Belém do Pará, com forte atuação ligada à espiritualidade cantada amazônida. Formada em Canto Popular pela Escola de Música da UFPA, lançou o EP Paná (2017) e o álbum O Caminho da Anta (2018). Rafael Bruno de Assis Sales é produtor cultural, audiovisual e pesquisador em paisagens sonoras urbanas, com destaque para a exposição O Corpo Sonoro da Feira (2016), e atuação junto a comunidades tradicionais e indígenas pelo Instituto Peabiru. Diego Maia da Costa é historiador, cineasta e pesquisador do cinema amazônico, com mestrado pela UNIFESP e direção de curtas como Fantasma (2022), Rouxinol (2023) e Raiol (2024). Gabriel Martinho, do Rio de Janeiro, é artista sonoro-visual com atuação no audiovisual e em arte sonora, tendo participado de exposições como Parada 7 e projetos como Transmissão Fordlândia, além de atuar como educador e editor de som em produções como o podcast do Museu Bispo do Rosário.



Jardineiro da Floresta (2022), de Thiago Guedes

Duração: 09’20”


Trilha composta para traduzir em som a delicadeza e a força presentes no cotidiano do muriqui-do-norte, o maior primata das Américas e um dos mais ameaçados de extinção no mundo. Inspirada no ballet de semeadura que esses animais realizam no topo das árvores, a música combina elementos acústicos e texturas orgânicas, criando uma ambiência que valoriza o ritmo pulsante da floresta e a sua biodiversidade. O ouvinte é convidado a perceber a floresta como um organismo vivo, onde cada gesto, som e silêncio participam da continuidade da vida. Thiago Guedes é músico, produtor musical, compositor e técnico de gravação e mixagem, atuando em projetos que dialogam com a diversidade cultural e a pesquisa sonora. Doutorando em Sonologia pela UFMG, compõe trilhas sonoras para audiovisual, unindo elementos acústicos e experimentais, e investiga práticas musicais inclusivas, especialmente com pessoas surdas. Como guitarrista e produtor, integra grupos como Berimbrown e colabora com artistas da cena independente. Foi finalista do Prêmio Profissionais da Música 2022 na categoria Trilha de Séries e dedica-se a projetos de educação musical que ampliam o acesso à criação e performance.



pollinatorDiplomacy#3 (2024), de Luis Henrique Almeida de Oliveira

Duração: 04’00”


A série pollinatorDiplomacy é uma tentativa de conexão entre o humano e o mais-que-humano. Foi idealizada uma jornada que estimula os sentidos visuais e auditivos. Em pollinatorDiplomacy#3, navegando por três atos, o ouvinte sente as transições de clima e contexto, sendo surpreendido por efeitos. A peça culmina com a quebra da quarta parede e a interação de um enxame de abelhas com a audiência. Utilizando fones de ouvido para reproduzir o som espacial, o público sentirá as abelhas muito próximas dos seus ouvidos. Que não tenham medo. É a diplomacia polinizadora em ação.


Ato 1. O mundo natural em desequilíbrio.

Ato 2. Desarmonias | Multidões, devastação e incêndios

Ato 3. Enxame | O que as abelhas nos diriam se pudessem falar?


Luis Henrique Almeida de Oliveira é um polinizador, desenvolvedor de parcerias e aspirante a artista multimídia baseado em Braga, Portugal. Atua como editor de áudio do podcast Ondas de Inovação, do LA-BORA! gov — um laboratório de inovação pública no Brasil.



Não entendi, mas achei bonito (2025), de Júlia Vasconcelos e Daniel Lima

Duração: 07’12”


Peça criada a partir de crônica escrita sobre a experiência de ir a um concerto pela primeira vez. A autora discorre sobre sua experiência e a de seu pai, que gentilmente a acompanhou na ocasião, pensando a relação de classe implicada nessa expressão cultural. Mais tarde, a crônica virou peça sonora com design de som e captação de som direto de Daniel Lima. Locuções de Júlia Vasconcelos e Antonio Lima, com captação de áudio de Leandro Stigliano. Júlia Vasconcelos é estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará; uma egressa do curso de Cinema e Audiovisual que se apaixonou perdidamente pela palavra escrita na infância e nunca mais se achou. Interessada por cultura e pautas sociais, Júlia atua como repórter no caderno Vida & Arte, do jornal O Povo (Fortaleza-CE), e produz Esse Tal de Roque Enrow, quadro que une música e curiosidades no programa Rocketeria, da Universitária FM 107.9. Daniel Lima é estudante de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará e atua na Universitária FM 107,9.



Akuanduba — Estudo de Desembocadura (2022), de Henrique Maia Lins Vaz

Duração: 10’12”


Peça para flauta retroalimentada (de manufatura própria), modelos algorítmicos de colunas de ar e DSP experimental. Inspirada no mito amazônico de Akuanduba — a entidade que impõe ordem ao mundo com um simples sopro em sua flauta — esta obra é um experimento sonoro que tensiona a relação entre “controle” e “caos” no gesto musical. O trabalho parte de um dispositivo de flauta retroalimentada, projetada para interagir com modelos computacionais de colunas de ar, explorando zonas de instabilidade acústica, sopros saturados, apitos involuntários e oscilações caóticas. Em tempo real, um processador digital de sinal (DSP), também de fabricação própria, modela e reconfigura os espectros resultantes, gerando múltiplos planos de ressonância e eco. Em forma de estudo, a peça investiga a desembocadura como ato liminar: entre o gesto orgânico do sopro e o circuito eletrônico, entre a lenda que organiza o mundo e o som bruto que o dissolve. Seu resultado é uma trama densa de sopros, chiados e ressonâncias espectrais, construída para a escuta radiofônica como espaço expandido — uma invocação para o ouvinte habitar, ao fone ou ao alto-falante, um mito vibratório que ordena e desordena o ar. Henrique Vaz é pesquisador-criador e professor no Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens da UFJF, onde coordena os grupos “Programação Criativa como Chave Pedagógica” e “Gambioluteria”. Com formação em composição, ciências da computação e música com ênfase pedagógica, desenvolve práticas que unem oficinas, ensaios e experimentações algorítmicas. Sua pesquisa aborda os impactos sociotécnicos da informação digital, o acesso e os direitos cibernéticos, e os limites do sujeito frente à virtualização e à colonização algorítmica. Atua na intersecção entre modelagem computacional e composicional, síntese sonora e visual, explorando notações e linguagens emergentes nas práticas criativas.



Avessos (2023-2025), de Ricardo Thomasi

Duração: 16’28”


A obra é uma performance acusmática de protesto contra o apagamento histórico da ditadura militar brasileira e sua permanência simbólica na política atual, especialmente diante do avanço de movimentos direitistas e da alienação política no país. Executada inicialmente em 2023 durante o evento Caravana da Síntese Sonora (Unespar), a peça utiliza gravações de depoimentos da Comissão da Verdade como material principal, explorando tanto os silêncios tensos entre as falas quanto trechos explícitos dos relatos. Sons de fundo foram transformados em pulsos e texturas por meio de um método de síntese próprio, enquanto os fragmentos de fala são apresentados na primeira parte da obra. A finalização da mixagem, feita em julho de 2025, foi adiada devido ao impacto emocional do conteúdo sobre o autor. Ricardo Thomasi é artista sonoro e pesquisador na área de processos criativos, música e tecnologias. É professor do curso de composição e regência da Unespar, do PPG-Música da Unespar, e integra o grupo de pesquisa Núcleo Música Nova. É gestor do selo de música experimental Arte Estranha desde 2017, e oficineiro nas horas vagas, atendendo temas sobre arte contemporânea, criação e tecnologias. Sua produção artística é centrada na música eletrônica experimental e abrange trabalhos colaborativos de performances ao vivo, videoarte, instalações e música acusmática.



23h


Performance em Debate (2023), de Carlos Borges

Duração: 56’00”


O programa Performance em Debate entrevista Romano Floriano, artista que, entre outras produções, trabalhou com performances radiofônicas ao vivo, rompendo com a linearidade tradicional das produções de rádio. Também produziu esculturas com as ondas do rádio ocupando o espaço da cidade e trazendo questionamentos sobre intervenções urbanas sobre “óticas de som”. Fruto do projeto de extensão criado em parceria com o Departamento de Artes Visuais (DAV/CAr) e o Superintendência de Educação a Distância (SEAD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), o programa realiza entrevistas com artistas, críticos e curadores que atuam no campo da performance, buscando pesquisar, discutir e divulgar ações relacionadas a essa expressão nas artes visuais para o público em geral. A equipe conta com Carlos Borges na apresentação; Magno Buscarolli, Josélia Andrade, Samara Figueiredo, Ana Follador, Carol Velasco, Guilherme Schmittel, Israel Torres, Izis Falqueto, Luana Clemente, Maitê Agrizzi, Mariana Sousa e Roberto Marcos no apoio técnico, abertura de Daniel Romanelli, realização do grupo 3P - Práticas e Processos da Performance, e Robert Sousa na técnica de gravação.



00h


CAMPO - GRAVIDADE (2024), de Eduardo Romero

Duração: 11’00”


Execução de peça microfônica de guitarra, acrescida de som de liquidificador, rádios de pilha e despertador. Nesta arte sonora/performance, a disposição dos elementos estão circunscritos num círculo demarcado por uma lona sintética preta presa ao chão. O círculo orienta o esquema dos objetos instalados, que são gradativamente ligados (rádios, liquidificador, caixas amplificadas, pedais e guitarra). CAMPO - GRAVIDADE cria uma massa sonora ruidosa, repleta de camadas complexas de som. As gravações foram realizadas em dezembro de 2024, na Galeria Capibaribe – CAC/UFPE vazia. Cada elemento sonoro foi captado separadamente para posterior edição. Enquanto projeto de arte sonora/performance, a peça parte do princípio de que a gravidade também molda e direciona o fluxo sonoro, afetando sua trajetória e a intensidade dos ruídos. Versa metaforicamente em representar sonora/imageticamente os movimentos das energias vitais que movem nossas escolhas e trajetórias, e que também reverberam ruidosamente (noise) sentimentos e sensações para toda/os que orbitam nossas existências... forças dinâmicas intensas que muitas vezes se manifesta de forma invisível e misteriosa. Eduardo Romero nasceu e vive em Olinda (PE). É doutor e mestre em Antropologia Cultural pela Universidade Federal de Pernambuco e especialista no Ensino de História da Arte pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Atualmente, é Professor Associado II do CAC - Centro de Artes e Comunicação da UFPE. Coordena o Grupo de Pesquisa Symbolismum - Estudos sobre Imaginário e Complexidade. Trabalha com Artes Visuais desde 1997. A partir de 2023 inicia pesquisas no campo da Arte Sonora e da Performance. Seus trabalhos já foram exibidos em espaços como Galeria Capibaribe (UFPE), Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Galeria Massangana (Fundação Joaquim Nabuco) e Casa Lontra.



Alma de gato (2025), de Inés Terra

Duração: 03’35”


Alma-de-gato é o nome popular de um pássaro que visita o apartamento onde mora a artista. Ele faz uma espécie de miado e dá pulos, assim como os gatos. Tem a capacidade de imitar o canto de outros pássaros. A partir da convivência com esse pássaro, a autora criou essa peça que combina experimentação vocal em fricção com o instrumento de cordas e percussão Finis Terra, instrumento único que combina materiais de uso cotidiano, criado por Cadós Sanchez. A peça foi realizada especialmente para o álbum organizado pelo Núcleo Música Nova. Inés Terra é cantora e improvisadora argentino-brasileira baseada em São Paulo. Com formação na canção latino-americana, no jazz e na improvisação livre, sua pesquisa vocal percorre um repertório expandido de timbres e experimentações — gosta de improvisar com pássaros e explorar sonoridades por meio de instrumentos de invenção. Atua também na criação de trilhas para dança, teatro, cinema e em projetos audiovisuais. É idealizadora da série de performances vocais @lingua_fora_ e do curso de improvisação Esculpir a Voz. Entre seus lançamentos estão o álbum vocal regougar (Brava/ScatterArchive, 2024), o álbum audiovisual Ruminar (Editora Leviatã, 2020) com Iago Mati, o LP Soñar (QTV Selo, 2022) com Bella e Amanda Irrarrázabal, o disco Ferrugem (Seminal Records, 2020) em duo com Cadós Sanchez, e Teia (RKZ Records, 2020) com a thereminista Julia Teles, entre outros.



industrial I [a la intemperie] (2024), de Silvio de Gracia

Duração: 17’12”


Peça ruidista construída a partir de uma variedade de exercícios percussivos, experimentação vocal e gravações de campo. Do ponto de vista conceitual, propõe a produção de ruído como um ato performático, com forte envolvimento corporal. Ações percussivas, como esfregar, arrastar e destruir objetos cotidianos ou descartados, são combinadas com capturas de campo e intervenções vocais para criar uma sucessão de texturas sonoras que oscilam entre o caótico e o sinistro. Este material é retirado da histórica fita cassete Industrial 666 I, tendo sido recuperado, retrabalhado e migrado do formato analógico para o digital em 2024. Silvio De Gracia (Junín, Argentina, 1973) é artista visual, performer, poeta experimental e curador independente. Influenciado pela música industrial ruidista, começou sua produção sonora no final dos anos 1990 com a série de fitas 666 I, II e III. Depois, voltou-se para a performance, explorando o som – especialmente o ruído – como ação performática. Atualmente, realiza performances e ações sonoras, mantendo também uma produção inédita de noise industrial. Interessado em teoria, escreveu sobre experimentação sonora para a revista canadense Inter Art Actuel. Como curador, organizou a exposição internacional Cápsula Sonora, parte da POSVERSO – I Bienal Internacional de Poesia Experimental da Argentina.



Moonstream_[Patagonia.exe] (2025), de HAVSTRACTO

Duração: 07’05”


Duas capturas de áudio do Estreito de Magalhães — Punta Arenas, Chile — gravadas sob luas alteradas: uma em fase gibosa crescente, outra em quarto crescente. Na província de Última Esperanza, um fiorde e um riacho seco também foram registrados em fase crescente, próximo ao quarto crescente. Ondas poluídas pela interferência urbana: vento saturado, motores, carros, gaivotas pixeladas. O bater da água é replicado em diferentes nós — o Estreito de Magalhães, o Canal Sarmiento, o Fiorde Última Esperanza e um riacho intermitente — formando um sistema sonoro de quatro estados líquidos, audíveis e moduláveis. Do sul da Patagônia, um território remoto e sensorial, os maritórios (territórios do mar) apresentam falhas: alterados pela indústria e pela indolência. Este banco/mapeamento sonoro opera como uma unidade de resistência: um arquivo digital em construção, uma memória líquida em loop. HAVSTRACTO (Punta Arenas, Chile, 1999) é artista visual que vive e trabalha na Patagônia Austral. Sua obra investiga a intersecção entre arte, ciência e tecnologia, com foco na abstração, artes midiáticas, videoinstalações e mapeamentos. Aborda criticamente temas como extrativismo e mudanças climáticas no território sul-patagônico. Estudou técnica e cor com Griselda Bontes Poppovich e foi bolsista do programa MicrobiomAustral (Liquenlaben, 2022–2023). Venceu o Edital Lumen (2023–2024), participou de mostras como a Galeria Réplica (Valdivia) e o Coletivo ALPHA (Santiago), e recebeu bolsa artística da Universidade de Magallanes (2024). Expôs em diversas cidades do Chile e Argentina, tanto presencialmente quanto em plataformas virtuais.



phantoms (2025), de Grupo Reverbera

Duração: 05’00”


Improvisação livre do coletivo, projeto de extensão da Universidade Federal do Sul da Bahia coordenado pela professora Ariane Stolfi. O grupo trabalha muitas vezes com base em peças audiovisuais, como filmes mudos clássicos. No ano passado, o Reverbera recebeu apoio da Lei Paulo Gustavo do Governo do Estado da Bahia como laboratório de desenvolvimento de produção audiovisual para a web. Participam desta faixa: Alice Coelho, Ariane Stolfi e Gabrielle Giarola (voz e percussão), Caio Vandré, Lucas Rosário e Ariane Stolfi (instrumentos virtuais), Gustavo Santos (baixo), Júlio Lem (voz e guitarra) e Rafael Portugal (fotografia).



Fim do ciclo (2025), de Dyone Arruda

Duração: 08’00”


Composição experimental que mistura elementos orgânicos e eletrônicos para evocar a sensação de encerramento, passagem e transformação. A obra é guiada por uma melodia inspirada em cantos de sereia que sempre ecoam, atravessada por camadas de sons sobrepostos de forma etérea e envolvida por texturas aquáticas, como se a música emergisse e submergisse com as ondas do mar. Fim do Ciclo é um convite ao abandono do controle e à entrega ao fluxo, como quem escuta o último som de algo que se despede, mas sem palavras. Dyone Arruda é pesquisadora, dubladora e compositora de peças que transitam entre o experimental, o sensível e o imagético. Sua criação parte da escuta como gesto afetivo, explorando timbres vocais, ambientes sonoros e estruturas não convencionais de canção. Interessa-se por sons que evocam paisagens, memórias e estados de transição como o mar, o silêncio, a voz e o ruído, e suas composições tentam experimentar lugares sonoros do cotidiano e suas transformações.

 
 
 
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